Lapinha (Pastoril) – Igreja Matriz

A Lapinha  é um folguedo popular que faz parte do ciclo natalino e traz uma mistura de dramatizações, cânticos, danças e louvores ao Menino Jesus. Representa as Pastorinhas e o Pastor indo a Belém ver o Salvador que acabara de nascer. Tem este nome por conta do lugar onde Jesus nasceu (lapa ou gruta).

De origem europeia está ligada ao teatro religioso de países como Portugal e Espanha. Acredita-se que tenha sido trazida ao Brasil pelos portugueses jesuítas. A cena do nascimento de Cristo representada por São Francisco de Assis por meio do presépio, era parada, com a Lapinha, esta cena ganhou vida, movimentos e canções.

Com o tempo, essa manifestação presente principalmente no Nordeste do Brasil foi sofrendo influências em cada região, tendo cada lugar seu jeito próprio de apresentar o folguedo. Difere-se do Pastoril por ter um cunho mais religioso. Hoje quase não se encontra mais grupos de Lapinha.

Em Dona Inês é uma tradição que vem de muito tempo, Maria Borges, Ridete Pereira, Ivanilde Pereira, Toinha Garcia, Teca Borges… são pessoas que brincaram na adolescência e/ou organizaram Lapinhas. De acordo com relato da saudosa Senhora Maria Borges, grande propagadora da Lapinha, o folguedo chegou a nossa Cidade através de uma senhora chamada Dona Otília, que morava anteriormente na Cidade de Jacaraú e era esposa do Sargento Gil. Segundo a mesma, Dona Otília reunia as crianças e adolescentes da época e repassava tal cultura. Desde então, tornou-se costume a realização da Lapinha na Cidade. Geralmente apresentava-se na noite de Natal em frente a Igreja Mãe, reunia muita gente da zona urbana e rural e era motivo de muita festa para a comunidade. A Lapinha é dividida em cordões, o azul e o vermelho que aqui é chamado de encarnado. São componentes do cordão azul: Lindo Anjo, Contra Mestra, Lindo Cravo e Libertina. No cordão encarnado estão: Linda Estrela, Linda Mestra, Linda Rosa e Camponesa. Existe ainda o cordão intermediário que se localiza entre os dois cordões citados, contendo: Pastor, Borboleta, Sempre Viva e Cigana. Durante o desenvolvimento da apresentação, acontece uma disputa entre os cordões, os expectadores e torcedores fazem doação de dinheiro e isto motiva a subida e descida de bandeiras nas cores dos cordões. Durante o evento, acontece ainda o oferecimento de ramalhetes à pessoas da Comunidade. No final, é anunciado o cordão vencedor que é aquele que mais arrecada doações. O dinheiro recebido geralmente era destinado às ações da Igreja.

Nos anos de 2013, 2014 e 2015, o SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos) por meio da oficina de teatro, ministrada por Edson Felipe e com o apoio dos demais profissionais do Serviço, realizou pesquisas junto à comunidade, momentos de motivação e conscientização quanto à importância do resgate e os ensaios, preparando o grupo de crianças e adolescentes para a realização das apresentações na Cidade. Tais ações serviram como base para o desenvolvimento de uma pesquisa feita por Edson Felipe sobre esta manifestação cultural que resultou em um Trabalho de Conclusão de Curso na área de Geografia Cultural.